TROPEIRO
Aos 72 anos, Ocílio José Azevedo Ferraz é um apaixonado pela rica cultura popular do Vale do Paraíba, região abraçada por belas serras no interior paulista e que faz divisa com dois estados, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Escritor (seis livros publicados), sociólogo, é o ofício de cozinheiro, porém, que o faz realizado e feliz.
A diferença de Ocílio em relação ao modismo de parte da culinária que frequenta as rodas atuais está no casamento perfeito que ele faz entre a comida e a história do povo simples.
Como os nômades tropeiros do ciclo aurífero, que saíam de Diamantina, MG, no século XVIII, com ouro e prata no lombo de burros e faziam parada nos então ranchos erguidos para recepcioná-los. Depois rumavam para o porto de Paraty, no Rio de Janeiro, onde as pedras preciosas eram embarcadas rumo à Europa. Esse roteiro é conhecido por Trilha do Ouro.
E Todos eles admiravam a paçoca de carne-seca salgadinha ou o franguinho caipira fácil de preparar, de carregar pelo caminho e muito saboroso.Para os tropeiros, a comida tinha de ser seca e durável, já que as viagens eram longas.
O franguinho colocado pelos nômades nos alforjes antes de pegar a Trilha do Ouro, entre Ouro Preto, MG, e Paraty, RJ
“As comitivas passavam por aquela trilha ali”, aponta Ocílio para um caminho de roça e terra batida, quase à porta do restaurante Fazenda do Tropeiro, de comidas regionais, que ele mantém em Silveiras, um centenário e mítico ponto de passagem das tropas. “Silveiras de rancho virou um vilarejo e depois cidade. Isso ocorreu com diversas outras localidades do Vale do Paraíba. Eu costumo dizer que todo vale-paraibano tem ramificações nessas comitivas de gente audaciosa.” Um dos antepassados de Ocílio, por sinal, Anacleto Ferreira Pinto, era comprador de burros em Sorocaba, SP. “Ele trazia centenas - uma vez vieram 400 animais - e esperava as tropas aqui em Silveiras para fazer negócio. Isso faz do tropeirismo minha essência.” Em Silveiras, formou-se então um centro de serviços (havia 16 ranchos) com celeiros, ferreiros, cesteiros, cangalheiros, trançadores de couro, domadores, catadores de ferraduras. Era uma efervescência só.
Quem registrou a vida errante e sofrida do tropeiro em suas obras foram o escritor Monteiro Lobato, nascido em Taubaté, e o grande Mazzaropi, que adotou como sua a mesma cidade. Taubaté é considerada por Ocílio a fonte irradiadora da cultura e dos hábitos seculares dos habitantes do Vale do Paraíba.
A carne é cozida na panela (de preferência, em fogão a lenha) e depois desfiada ainda quente para compor a paçoca
Serve: 5 pessoas | Tempo de preparo: cerca de 1 hora | Dificuldade: média
Ingredientes
400 g de carne-seca picada
1 xícara e meia de cebola picada
3 dentes de alho
2 tomates
1 xícara de farinha de milho ou de mandioca
½ xícara de pimentões
2 colheres de óleo de milho ou de soja
sal e salsinha a gosto
água
Como fazer
Coloque a carne-seca de molho num recipiente com água fria, trocando-a a cada quatro horas, por três vezes, para retirar o excesso de sal. Depois, numa panela, cozinhe a carne na água (o suficiente até cobri-la em fogo médio) por dez minutos, ou até ferver. Desfie ainda quente. Enquanto isso, refogue a cebola, o sal e o tomate no óleo e acrescente o pimentão. Junte a carne desfiada. Coloque a salsinha e transfira a mistura para um pilão e soque com a farinha até obter a farofa.
400 g de carne-seca picada
1 xícara e meia de cebola picada
3 dentes de alho
2 tomates
1 xícara de farinha de milho ou de mandioca
½ xícara de pimentões
2 colheres de óleo de milho ou de soja
sal e salsinha a gosto
água
Como fazer
Coloque a carne-seca de molho num recipiente com água fria, trocando-a a cada quatro horas, por três vezes, para retirar o excesso de sal. Depois, numa panela, cozinhe a carne na água (o suficiente até cobri-la em fogo médio) por dez minutos, ou até ferver. Desfie ainda quente. Enquanto isso, refogue a cebola, o sal e o tomate no óleo e acrescente o pimentão. Junte a carne desfiada. Coloque a salsinha e transfira a mistura para um pilão e soque com a farinha até obter a farofa.
O restaurante serve ainda, entre outras delícias típicas, paçoca de carne-seca, arroz com urucum, carne à moda da Bocaina (serra que a tropa percorria antes de chegar ao Rio de Janeiro), frango à moda dos moreiras, afogado, mocotó cozido, arroz com pato e pato com pitanga. Cada prato tem sua história – que é contada por Ocílio.
O livro mais conhecido de Ocílio, que é titular da cadeira 17 da Academia Brasileira de Gastronomia, leva o título de São Paulo – Caminhos da colonização: viagem de tropeiros entre serras. Nele, o cozinheiro historiador mostra que grande parte das famílias do Vale do Paraíba é da árvore dos tropeiros. A trilha do ouro trouxe viajantes de Minas Gerais e muitos se radicaram por lá. Mais tarde, com a decadência da mineração, foi a vez de o “ouro verde”, o café, expandir-se pelo Vale do Paraíba e por Minas Gerais. O ciclo do café também entrou em inexorável declínio.
MATÉRIA- EXTRAÍDA DO GLOBO RURAL NOTÍCIAS
3 comentários:
hummmm ai essas comidinhas deliciosas...
bjs rose jp
Oi dona rosana a senhora ganhou um selinho colocar no seu blog é um premio dos melhores blogueiros passe la no meu site que tem as regrinhas, escolhi a senhora, pois acho lindo o seu blog..é para pessoas que ainda tem menos de 200 seguidores, e uma forma de torna-lo conhecido entre os amigos blogueiros...
Bjs rose jp
Ro, que delícia, pena que o meu triglicerídeo está um pouquinho alto. Assim que melhorar vou provar. Beijos.
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